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ORGANIZADORAS

MARIANA MOLINA

Encontro no ato de escutar histórias de vida uma das minhas maneiras prediletas de entrar em contato com outros mundos. Em 2016, tive a oportunidade de participar de um projeto de extensão da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de escuta e registro das memórias de populações ribeirinhas do município de Manacapuru - AM, resultando em um livreto com a história de vida dos moradores. Nesse período pude conhecer e me encantar por saberes e histórias diversas e também pouco comuns em minha vivência sudestina e urbana. No ano seguinte (2017), foi a primeira vez que estive em Rondônia, através do NAPRA, atuando no desenvolvimento de projetos junto aos moradores de Nazaré, comunidade ribeirinha no Baixo Madeira, sendo um deles um espaço comunitário de leitura. Em 2019, me encontrei e me encantei com o trabalho do poeta Elizeu Braga e a seu convite, eu e Thaís retornamos à Porto Velho como colaboradoras nos projetos da Casa de Cultura Arigóca.

Nesse caminho, percebo a importância da memória e da diversidade de narrativas no processo de compreensão do nosso passado e presente. Acredito que esses encontros são também momentos carregados de poesia, em que me encanto pela voz e pelo corpo do narrador ou narradora que, de alguma maneira, revive suas memórias diante de nós. Contar uma história de vida é fazer um convite à intimidade – nesse lugar tenho aprendido a entrar com pés descalços, e sem relógio.

THAÍS ESPINOSA

Em 2015 tive meu primeiro encontro com Rondônia. Através de um projeto de pesquisa da FGV-SP, estudei a cooperativa de agrossilvicultores do RECA, no distrito de Nova Califórnia. Nesse mesmo ano estive no Lago do Cuniã e conheci a força das águas do rio Madeira. Muitos me diziam que quem bebe dessa água, algum dia volta. E foi assim mesmo… Nos dois anos seguintes voltei à Porto Velho pelo Napra atuando em algumas comunidades ribeirinhas do baixo Madeira (Nazaré, com projeto de espaço de leitura, São Carlos e Resex Cuniã).

Bebi tanta água do rio que, em 2019 me mudei para o estado com a amiga que virou irmã e parceira deste trabalho. Pela Agência de jornalismo Amazônia Real tive a oportunidade e desafio de relatar a situação de estudantes das comunidades ribeirinhas que passaram mais de 9 meses sem aula; sobre as queimadas e seus impactos no início do governo Bolsonaro e 2022 acompanhei o impacto da pandemia e da falta de escola a jovens e crianças que passaram a trabalhar nos garimpos

No caminho das águas pude conhecer muitas histórias, sendo difícil colocar em palavras a essência e particularidade de cada encontro. Alguns deles, sigo em processo de assimilação. Organizar esse material tem sido uma maneira de reacessar alguns desses encontros. Ler a fala de um morador (re)escutar memórias, olhar as imagens, ainda que não substitua o estar junto, aproxima da sensação que tenho ao escutar uma história pela primeira vez. Fica aqui o nosso convite. 

 
 

* Casa de Cultura Arigóca é uma casa de memória e práticas poéticas. Idealizada pelo poeta Elizeu Braga, a casa funciona de forma coletiva desenvolvendo ações de integração e fomentação cultural, como saraus, oficina de produção de livros, entre outras.


* NAPRA - Núcleo de Apoio a População Ribeirinha da Amazônia

mari tha 1 - fofas demais q saudade dess

Foto: Gabriela Rabaldo

Thaís (esquerda) e Mariana (direita)

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